quarta-feira, 19 de março de 2014

desistências

Hoje de manhã, umas duas horas depois de acordar e tomar café, sonhei que uns poucos mudavam minha cidade. Sonhei fundo. Imaginei laços de amor e de beleza se alastrando fora de controle pelos prédios da Jaqueira e pelas casinhas de palafita do rio Capibaribe. Imaginei a esperança consumindo os olhos dos poetas, dos fotógrafos e dos artistas; a ternura espreitando como um fator silencioso nas ruas, escondida em gente comum, igual a todo mundo. Não como naquelas propagandas que tomam trinta segundos dos vídeos do youtube, feitas de gentileza e carinho que são uma superfície sem conteúdo, mas como uma continuidade óbvia, expressão de corações em paz. Eu não faço a mínima ideia de como seria, mas no sonho toda bondade era verdadeira. Era (meu Deus, que ideia terrível) natural. Eu não visualizei bem, porque este é um mundo que nunca visitei e nunca conheci. Mas acho que a ideia era essa. Neguei-me a pensar em estratégias de marketing e movimentos públicos que saíssem nos jornais. Eu desejei que todos deixássemos de ser cegos, que a cura me alcançasse em algum momento (nem precisa começar por mim), e que mesmo se ninguém chegasse a nenhum acordo universal resolvêssemos viver entregues uns aos outros. Desejei o céu, mas basta, pra hoje, um pouco de paciência com a vida e com os seres humanos que a compõem. E no momento, estou esperando acordar, pra ver o que faremos, desejando que eu ainda deseje fazer algo mesmo quando as coisas da vida real dentro e fora de minha'lma me frustrarem de novo. Porque fazer as coisas enquanto estou sonhando é sonambulismo, não liberdade. Só os desiludidos podem mudar o mundo, uma pessoa de cada vez.

(créditos a brabo e luciana, por consumirem-me dessas ideias)

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