E então, eu recebi uma pedrinha branca. Eu, e todos os escravos, e todos os que não possuem identidade nem número. Sentamos à mesa, diante do maior banquete das nossas existências. E vimos resgatadas, protegidas e guardadas embaixo dos panos de ouro todas as caixinhas com músicas que cantamos em nossas casas, as nossas obras de arte, os risos dos nossos dentes quebrados e as cicatrizes de nossos dias sob as armas dos homens. Estava lá, toda ferida nossa também conservada. Visível, sarada, sagrada.
Não estávamos com pressa. Não vimos relógios.
Pela primeira vez, ouvimos nossos nomes. Soaram distantes e familiares e a medida que repassávamos a comida uns para os outros, eles pareciam mais reais.