segunda-feira, 28 de julho de 2014

os olhos burgueses

que quando eu descobrir outros mundos, e outras terras, e outras gentes sendo gente sem ser como eu sempre fui, não haja em mim nem um tracinho desses olhos burgueses. que eu me demore. que eu sinta o cheiro da novidade até que eu a respire e ela se difunda pelas minhas veias e se sinta em casa em mim e só depois de ter aprendido a dar nomes novos a tudo o que antes conheci, e só depois de saber cantar em outra língua, e só depois de me sentir em casa também, só depois de não ser mais novidade, que eu me atreva a usar palavras pra descrever os homens.
e que este processo de me naturalizar, apesar de tudo, não me roube a bênção de surpreender-me todas as manhãs.

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