Essa noite eu sonhei que o céu caía em mim. Chovendo, obviamente. Na chuva havia uma paz que a realidade raramente me proporciona, e uma sensação de harmonia, de shalom, surpreendentemente simples. Não havia compartimentos, divisões, ou se havia, estavam todas de acordo, cada coisa e cada letra sendo feliz no lugar em que havia sido designada para estar (ou para ser, se queremos ser mais sinestésicos).
Hoje, no fim da tarde, o céu declarava a glória de Deus. E choveu, chuvinha fina, discreta, silenciosa. Não consertou a vida real, mas me fez pensar: hoje de manhã eu acordei e o mundo ainda estava quebrado, mas é nas manhãs reais que as misericórdias se renovam, e não nos sonhos chuvosos. E que lógica maravilhosa, inversa, esta; a de que as misericórdias convivem bem com as coisas quebradas. Ou talvez sejam necessárias justamente por causa delas.
Ainda espero a chuva fina da Ressurreição. Não há respostas fáceis, eu sei, há mais porquês separados do que juntos na gramática do mundo. Podemos aceitar isso, não podemos?
Que lindeza.
ResponderExcluirQuanta leveza junta.
Me sinto lindo e leve agora.