sábado, 1 de junho de 2013

lamentações 3

Essa noite eu sonhei que o céu caía em mim. Chovendo, obviamente. Na chuva havia uma paz que a realidade raramente me proporciona, e uma sensação de harmonia, de shalom, surpreendentemente simples. Não havia compartimentos, divisões, ou se havia, estavam todas de acordo, cada coisa e cada letra sendo feliz no lugar em que havia sido designada para estar (ou para ser, se queremos ser mais sinestésicos).
Hoje, no fim da tarde, o céu declarava a glória de Deus. E choveu, chuvinha fina, discreta, silenciosa. Não consertou a vida real, mas me fez pensar: hoje de manhã eu acordei e o mundo ainda estava quebrado, mas é nas manhãs reais que as misericórdias se renovam, e não nos sonhos chuvosos. E que lógica maravilhosa, inversa, esta; a de que as misericórdias convivem bem com as coisas quebradas. Ou talvez sejam necessárias justamente por causa delas.
Ainda espero a chuva fina da Ressurreição. Não há respostas fáceis, eu sei, há mais porquês separados do que juntos na gramática do mundo. Podemos aceitar isso, não podemos?

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