é como se houvesse um silêncio que satisfazia todas as exigências de honestidade e transparência que eu prezo. isso, há muito tempo.
não sei quando comecei a riscar em cima dele algumas palavras, alguns conceitos, porque pra comunicar, pra tocar outra pessoa, pra aproximar ou revelar, ele não pareceu suficiente; eu precisava de som. e aí fui moldando e acrescentando a mim mesma todas as músicas, tons de voz, manias, programas, hábitos, roupas, linhas de raciocínio, escritores e poetas, lugares e horários que poderiam me expressar. chamei a esse conjunto não tão organizado de experiências de "eu". e acho que passei a vida lutando pra me convencer de que eu fazia sentido.
(mas não olhe pra mim, porque tudo o que você pode ver foi isso que eu construí, e é tão falso)
e eu preciso não apenas dos sons que compus durante a vida, mas da sua resposta pra ter certeza de que "eu" é algo bom, aprovável, belo. porque eu penso de mim exatamente isso que você pensa quando vê o que eu quero que você veja. é estranho, não é, querer as respostas de gente que nunca esteve comigo em silêncio? e vai que a gente cala, e você me olha nos olhos, e encontra uma fresta, e descobre que, no meu silêncio, não tem nada bom, aprovável e belo?
(hoje foi assim, e o silêncio não foi paz)
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