terça-feira, 5 de agosto de 2014

É teimosia de família essa insistência sem juízo de querer escrever. Logo em dias como esses, quando parece muito claro que as palavras são sempre rasas, sempre limitadas, e ao mesmo tempo sempre infinitas e por isso infinitamente distantes. Logo em dias assim, sem referências, sem absolutos pra acalentar meus relativismos pessoais. Em tempos em que eu gostaria de poder engolir todos os dicionários e todos os livros em todas as línguas vivas e mortas enquanto Paulo insiste em lembrar: tanto saber, Débora, tanto saber pra não amar ninguém no fim da vida.
A ansiedade começa na boca do estômago. Mas passam-se umas horas e ela se espalha por todas as cavidades ocas do corpo. E escala minha garganta e nocauteia meus ouvidos. E não me dá paz. Não me dá paz nenhuma. As palavras me seduzem e me decepcionam e me deixam sozinha com uma vontade vazia de abraçar um mundo sem rosto, de encontrar uma resolução que me sussurre a canção de ninar da qual não desfrutei quando era tempo e que me dê o sono dos justos. As palavras me fazem falsas promessas e quando corro atrás delas fico assim, com medo, porque me fizeram desejar ser uma pessoa que eu provavelmente nunca serei enquanto estiver tentando ser. 

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